"Uma menina sem
olhos viu rosas em uma roseira. De lá não deixou, nem levou rosas".
Parte I "Prefácio, o sonho, o início."
E eu estava ali, em uma estrada
vazia, asfalto novo, molhado, matos secos e um horizonte distante, repleto de
nuvens carregadas, uma nevoa quase imperceptível fazia de tudo ali um lugar
agradável a minha doce depressão momentânea. Um vento peculiar me soprava a
garganta, me fazendo ter esperança em descobrir uma mentira contada, foi quando
pude perceber as margens da estrada uma casa sombria de dois cômodos, feita de
tijolos de barro e mal pintada com tinta branca, o teto de palha com telhas
velhas e quebradas.
Parei ali e percebi que havia um quintal, e de costas um velho de chapéu
de palha mexia na terra. Um clima frio propício para chuva me angustiava e de
repente um medo enorme tomou conta, aquela camisa branca social suja, uma
sensação de morte, era como um demônio extremamente poderoso pronto a virar e
me destruir com apenas um olhar, aquela calça dobrada, de pano marrom e
descalço, ao virar percebi que seus braços eram ramificados, cheios de raízes
sujas, como de uma mandioca acabada de ser colhida, e para minha surpresa ele
começou a ensinar, como retirar cenouras da terra.
A força não era humana, pude
sentir o medo daquele predador, enquanto não conseguia arrancar as cenouras, o
velho vazia movimentos extraordinários, causando cada vez mais medo, e
diminuindo cada vez mais a minha insignificância.
De repente ouvi um sussurrar, senti o gelo em meus pulmões, e uma sensação de alívio ao ver o teto do meu quarto, eram três horas da manhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário