domingo, 29 de abril de 2012


"Uma menina sem olhos viu rosas em uma roseira. De lá não deixou, nem levou rosas".





   Parte I "Prefácio, o sonho, o início."

   E eu estava ali, em uma estrada vazia, asfalto novo, molhado, matos secos e um horizonte distante, repleto de nuvens carregadas, uma nevoa quase imperceptível fazia de tudo ali um lugar agradável a minha doce depressão momentânea. Um vento peculiar me soprava a garganta, me fazendo ter esperança em descobrir uma mentira contada, foi quando pude perceber as margens da estrada uma casa sombria de dois cômodos, feita de tijolos de barro e mal pintada com tinta branca, o teto de palha com telhas velhas e quebradas.
  

   Parei ali e percebi que havia um quintal, e de costas um velho de chapéu de palha mexia na terra. Um clima frio propício para chuva me angustiava e de repente um medo enorme tomou conta, aquela camisa branca social suja, uma sensação de morte, era como um demônio extremamente poderoso pronto a virar e me destruir com apenas um olhar, aquela calça dobrada, de pano marrom e descalço, ao virar percebi que seus braços eram ramificados, cheios de raízes sujas, como de uma mandioca acabada de ser colhida, e para minha surpresa ele começou a ensinar, como retirar cenouras da terra.
   
   A força não era humana, pude sentir o medo daquele predador, enquanto não conseguia arrancar as cenouras, o velho vazia movimentos extraordinários, causando cada vez mais medo, e diminuindo cada vez mais a minha insignificância.
  
   De repente ouvi um sussurrar, senti o gelo em meus pulmões, e uma sensação de alívio ao ver o teto do meu quarto, eram três horas da manhã.  


Nenhum comentário:

Postar um comentário